Bento XVI tem problemas de artrose no quadril direito. Ele mesmo quis usar a plataforma móvel que pertenceu a seu predecessor. Seus colaboradores lhe propuseram o uso do antigo trono carregado aos ombros, porém, ele recusou.
Bento XVI tem problemas de artrose, um problema que afeta 50 % das pessoas maiores de 60 anos. Durante trajetos longos surgem incômodos no quadril direito, ele mesmo pediu que a plataforma móvel que pertenceu a seu predecessor Karol Wojtyla fosse desempoeirada e que se movesse pela nave central da basílica de São Pedro. Porém, quando seus colaboradores mais próximos lhe propuseram o uso da velha sedia gestatória, ou seja, o antigo trono móvel levado nos ombros, Ratzinger respondeu sem vacilar: “Não, obrigado”.
No sábado, dia 15 de outubro, o padre Federico Lombardi, porta-voz vaticano, surpreendentemente comunicava no escritório de imprensa quase deserto que no dia seguinte, “durante a procissão de entrada desde a sacristia”, o Papa usaria a “plataforma móvel” que fora utilizada por seu predecessor. Lombardi acrescentou que “o objetivo é exclusivamente aliviar o esforço do Santo Padre, de modo análogo ao que já se está fazendo ao usar o papamóvel” no exterior e na Praça de São Pedro. Ao responder a uma pergunta, Lombardi acrescentou que não havia prescrições médicas, e que a plataforma móvel permitiria que os fiéis vissem melhor o Pontífice.
Alguns dias mais tarde, o cardeal Secretário de Estado, Tarcisio Bertone enfatizava precisamente este aspecto, como informou L’Osservatore Romano: “Vocês o viram usar a plataforma móvel, mas se trata simplesmente de uma maneira para que se possa vê-lo melhor. Portanto, trata-se de uma ajuda para ele, mas também para os fiéis”.
Sem dúvida, não há dúvidas da preocupação que causou a reaparição da plataforma: de fato, todos a associam à imagem do Papa Wojtyla idoso e enfermo, que começou a usá-la em 2000, quando tinha sérios problemas de locomoção por causa do Parkinson e de uma cirurgia de quadril que não havia surtido o resultado esperado. Até poucos dias atrás não se sabia nada dos problemas motores de Ratzinger, embora nas imagens transmitidas pela Televisión Española durante a Jornada Mundial da Juventude no mês de agosto passado, uma vez o Pontífice apareceu entrando na nunciatura de Madri apoiando-se em uma bengala branca, bengala essa que ele usa também no apartamento pontifício.
“Bento XVI como se pode perceber – confidencia ao Vatican Insider um colaborador de confiança do Pontífice – pode caminhar, subir e descer escadas”. Porém, prossegue, “tem problemas de artrose e, por isso, durante trajetos longos surgem alguns incômodos no quadril direito”. A decisão de usar a plataforma móvel foi somente dele: deste modo se sente mais seguro e pode calibrar melhor as suas forças”.
Pio XII na "sedia gestatória" |
Quando Ratzinger pediu a plataforma, uma espécie de carro empurrado pelos “carregadores pontifícios”, seus colaboradores lhe fizeram uma contraproposta: “Santidade, temos a sedia gestatória, que permite que o Papa seja visto a uma grande distância… Se poderia usar de novo!”. Porém, o interessado em seguida rejeitou a oferta com um amável “Não, obrigado”, preferindo permanecer com os pés no solo. A sede gestatória foi usada pela última vez pelo Papa Luciani em setembro de 1978. Paulo VI, que continuou usando a mesma depois da abolição do respectivo cortejo de guardas nobres rodeado de leques de penas de avestruz, explicou a seu amigo Jean Guitton porque havia tomado esta decisão: “Me dei conta de que a incômoda sedia, que dá a sensação do mar e das ondas, me permite precisamente estar mais próximo de todos. Fica-se elevado acima de todos, para que todos possam ver melhor, sem desigualdades nem precedências”.
Ratzinger, por outro lado, não quis desempoeirá-la, quase antevendo a polêmica. Que de toda maneira não faltou, incluindo somente a causa da reaparição da plataforma: o vaticanista do Telediario de Rai 1, Aldo Maria Valli, em um comentário no sítio vinonuovo.it, definiu a decisão como “um gesto que destoa e que tem um valor profundamente anti-conciliar. Tem o sabor do retorno ao papa rei que domina sobre a multidão e se destaca do resto da humanidade”, fazendo com que se assemelhe a “uma divindade pagã”.
Porém, Bento XVI não parece nada preocupado com a sua imagem nos meios de comunicação: “Me dou conta que as forças estão diminuindo – confiava há um ano a Peter Seewald no livro entrevista Luz do mundo. Sou o que sou. Não tento de ser outro. Dou o que posso, o que não posso dar, nem sequer tento… Faço o que posso”.
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