segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Desabafo - Até quando?


Até quando teremos que aturar padres sem batina ou sem clergyman? Sacerdotes que, em vez de ostentar sua incorporação a Cristo pelo sacramento da Ordem, escondem-se do povo, disfarçando-se de leigos?

Até quando teremos de aturar Missas que em nada nos indicam seu caráter ontologicamente sacrifical? Palmas ritmadas acompanhando músicas de melodia, harmonia e ritmo absolutamente inadequados, com uma pobreza infantil nas letras? Manifestações desmedidas de alegria quase profana durante a atualização do Calvário? Padres que não vestem os paramentos corretos, sem casula, sem cíngulo, sem amito, substituindo-os por um simplório conjunto de túnica e estola?

Clérigos, até bispos, que desprezam o latim, o canto gregoriano, a polifonia sacra, o órgão, o incenso? Que identificam “Missa em latim” com o rito antigo? Que, ademais, têm como que um ódio mortal a esse rito antigo, e mesmo ao novo celebrado de acordo com as rubricas? Sacerdotes e fiéis que preferem as passageiras e profanas novidades às sadias tradições? Que rechaçam as normas que chegam de Roma, e desobedecem descaradamente, fazendo celebrar a Missa do jeito que querem?

Até quando teremos de aturar procissões que mais parecem passeatas políticas? Bandeiras políticas no lugar nos estandartes das antigas confrarias? Discursos da moda em vez de um sermão sobre coisas espirituais?

Até quando teremos de aturar um Conselho Indigenista Missionário que não catequiza os índios?

Uma Comissão Pastoral da Terra que, em vez de pregar a Doutrina Social da Igreja, insufla o MST e outros grupelhos comunistas safados a atacar a propriedade privada? Uma Pastoral da Juventude que nada mais é do que célula avançada do PT e do PSOL nas fileiras de nossos grupos de jovens?

Até quando teremos que aturar o sumiço da teologia católica, destronada por uma péssima formação em nossos seminários, verdadeiras fábricas de comunistas? Que se preocupam mais em ensinar sociologia religiosa do que doutrina? Relativização da verdade do que autêntica filosofia? Bagunça na Missa do que liturgia correta? Boff do que Tomás de Aquino? Küng do que patrística? Teólogos duvidosos e politicamente corretos do que o Magistério?

Até quando teremos que aturar a troca da caridade pelo assistencialismo politicamente esquerdista? E as irmãs de caridade se converterem em assistentes sociais? E as irmãs contemplativas abandonarem seus conventos e afrouxarem no cumprimento da regra?

Até quando teremos que aturar a Campanha da Fraternidade nublando a Quaresma? Reflexões políticas em vez de práticas piedosas? Cânticos socialistas em vez da clássica hinologia católica? Via Sacra sendo corrida por orações imbecis?

Até quando teremos que aturar os documentos que chegam de Roma sendo ignorados ou distorcidos, enquanto análises de conjuntura e discursos vazios sobre a água, as florestas, os amigos, a paz, os coelhinhos e o arco-íris são promovidos em nossos púlpitos como se doutrina católica fossem?

Até quando teremos de aturar desobediências ao Papa promovidas por freiras, frades, padres, bispos e líderes do laicato?

Até quando teremos de aturar defesas do aborto, das práticas homossexuais, da Teologia da Libertação, do socialismo, da insubordinação, feitas por membros da Igreja?
Até quando teremos de aturar nossas lindas igrejas e altares serem profanados pela feiúra e pelo iconoclasmo?

Até quando teremos de aturar o sentimentalismo e o relativismo tomarem de assalto o lugar que era próprio da razão e da fé objetiva?

Até quando teremos de aturar a Fé Católica sequestrada por quem deveria ser seu defensor?

Até quando?

sábado, 24 de dezembro de 2011

“Hoje, a Paz verdadeira desceu-nos do céu; hoje, os céus e a terra espalham doçura; hoje, raiou o dia do novo resgate de eterna alegria, há muito esperado! Cantai ao Senhor Deus um canto novo; cantai ao Senhor Deus ó terra inteira... na presença do Senhor, pois ele vem!”

Presta bem atenção: porque tu és fraco, ele veio sustentar-te; porque tu és inconstante, ele veio permanecer contigo; porque tu muitas vezes não sabes o caminho, ele se vez visível na nossa carne; porque tu vives em trevas, ele apareceu como luz; porque tu não podes subir a Deus, ele desceu para te elevar! Que amor tão grande, que caridade sem medida! Nesta Noite a Virgem deu à luz o próprio Deus na nossa humanidade mortal!



Um Santo e Feliz Natal a todos!

45 – Parresía: “Mensagem de Natal”

“O povo que andava nas trevas viu uma grande Luz”. É dessa forma que o Profeta Isaías se refere ao nascimento de Jesus. A grande luz que tira a humanidade das trevas é Jesus Cristo, para quem tudo foi feito. Todo o universo se curva em adoração àquela pequena criança, nascida em Belém, de forma tão singela, mas que tem o poder de dar sentido à vida de cada um.

O homem foi feito para Deus e encontra o seu fim e sentido Nele.

O nascimento de Jesus é motivo de imensa alegria, pois Ele dá razão a tudo, dá sentido à nossa existência, Ele vem para salvar e resgatar a humanidade. Para Ele fomos criados, por Ele somos salvos.


quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Bispo alerta para descristianização do Natal e vivência cristã

 "O Natal não é simplesmente a festa de um dia (...) é o tempo no qual a Igreja celebra a graça da manifestação, da aparição do Filho eterno do eterno Pai na nossa natureza humana", afirmou o bispo auxiliar da arquidiocese de Aracaju (SE), Dom Henrique Soares, mestre em teologia dogmática com especialização em eclesiologia.

Em entrevista ao noticias.cancaonova.com, Dom Henrique destaca como o cristão deve vivenciar esse tempo litúrgico e alerta para o processo de descristianização do Natal que tem acontecido na sociedade. 


noticias.cancaonova.com: Qual o sentido do Natal? Como cada cristão deve vivê-lo?

Dom Henrique: O Natal não é simplesmente a festa de um dia. É um tempo litúrgico, isto é, um tempo sagrado no qual nos ritos, palavras, gestos e símbolos da liturgia, cheios do Espírito Santo, a Igreja torna presente o mistério da graça da vinda do Filho de Deus para ser humano como nós, elevando a humanidade a Deus. Dito em outras palavras: o Natal é o tempo no qual a Igreja celebra a graça da manifestação, da aparição do Filho eterno do eterno Pai na nossa natureza humana. Este tempo é celebrado com cinco festas: a Natividade do Senhor, a Sagrada Família, Santa Maria Mãe de Deus, Epifania do Senhor e Batismo do Senhor. Há ainda uma sexta festa, fora do tempo do Natal, mas a ele ligada: a Apresentação do Senhor, no dia 2 de fevereiro.

noticias.cancaonova.com: Vivemos em uma época na qual o valor da celebração do nascimento do Senhor dá lugar ao espírito consumista que leva famílias inteiras a viverem a data como uma simples festividade. Na visão do senhor, essa seria mais uma tendência imposta pelo relativismo?

Dom Henrique: Mais do que relativismo, trata-se do processo de descristianização e de secularização. Mas, não culpo a mundo, culpo os membros da Igreja. Nossas Missas são piedosas, exprimem o sagrado, ajudam a contemplar o Mistério ou, ao invés, são shows, teatrinhos, oficina de criatividade tola do padre e de outros ministros? Nossa catequese e nossas homilias introduzem realmente no Mistério ou, ao invés, são discursos insossos sobre mil assuntos, relegando o essencial ao segundo plano? Basta ver o quanto não é boa a consciência, a vivência dos fiéis ao participarem dos ritos sagrados...

noticias.cancaonova.com: Sabemos que o Natal por se tratar de uma das grandes celebrações litúrgicas da Igreja convida os católicos a participarem das Missas próprias de cada dia. Além das Celebrações, os cristãos também são convidados a práticas de piedade diversas ou a outras ações concretas que incentivem a boa vivência do real espírito natalino?

Dom Henrique: É indispensável participar da Missa do Natal, de Santa Maria Mãe de Deus e do Domingo da Epifania. Também é tempo de uma oração em família mais cuidadosa, de um tempo mais longo de leitura e oração com a Palavra de Deus e de atenção aos pobres, sendo para eles uma presença de Cristo, que se fez presente na nossa pobreza.

noticias.cancaonova.com: O Papa disse no Natal de 2005 que Deus é tão grande, que se faz pequeno. A partir dessa afirmação do Pontífice podemos concluir que também somos convidados a entrar em cheio na espiritualidade de um Deus que é simples?

Dom Henrique: O Natal é a festa da pobreza de Deus: "Sendo rico se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza". Deus se fez pequeno, fez-se um de nós. No natal experimentamos que não estamos sozinhos, que Deus caminha conosco, e somos convidados a descobri-lo nas coisas pequenas, no que é simples e aparentemente sem valor. Deus não é Deus do mega, mas do micro!

Natal: não é a festa de aniversário de Jesus

 
Alguns pensam que celebrar o Natal é comemorar o aniversário de Jesus; alguns chegam até a cantar “parabéns pra você”! Coisa totalmente fora de propósito, contrária ao sentimento da Igreja e fora do sentido da celebração dos cristãos. Então, se não celebramos o aniversário de Jesus, o que fazemos no Natal?
 
Antes de tudo é necessário entender o que é a Liturgia, a Celebração da Igreja.
 
Vejamos. O nosso Deus, quando quis nos salvar, agiu na nossa história. Primeiramente agiu na história de toda a humanidade, guiando de modo secreto e sábio todos os seres humanos e sua história. Basta que pensemos nos santos pagãos do Antigo Testamento – santos que não pertenceram ao povo de Israel: Sto. Abel, Sto. Henoc, São Matusalém, São Noé, São Melquisedec, São Jó, São Balaão... Nenhum destes pertencia ao povo de Deus... e no entanto, Deus agia através deles... Depois, Deus agiu de modo forte, aberto, intenso na história do povo de Israel, com as palavras de fogo dos profetas, com a mão estendida e o braço potente nas obras maravilhosas em benefício do seu povo eleito. Finalmente, Deus agiu de modo pleno e total, fazendo-se pessoalmente presente, em Jesus Cristo, que é o cume, o centro e a finalidade da revelação e da ação de Deus: em Jesus, tudo quanto Deus sonhou para nós se realizou de modo pleno, único, absoluto, completo e definitivo! Então, o nosso Deus não se revela principalmente com ensinamentos, com doutrinas e conselhos, mas com ações concretas e palavras concretas de amor! E tudo isso chegou à plenitude na vida, nos gestos, palavras e ações de Jesus Cristo!
 
Pois bem: são estas obras salvíficas de Deus, realizadas de modo pleno em Jesus, que nós tornamos presente na nossa vida quando celebramos a Santa Liturgia, sobretudo a Eucaristia! Na força do Espírito Santo de Jesus, através das palavras, dos gestos e dos símbolos litúrgicos, os acontecimentos do passado – todos resumidos em Cristo: na sua Encarnação, no seu Nascimento, Ministério, Morte e Ressurreição e no Dom do seu Espírito – tornam-se presentes na nossa vida.
 
Vejamos, agora, o caso do Natal. Quando a Igreja celebra as cinco festas do Natal, ela quer celebrar não o aniversarinho do menininho Jesus... O que ela quer fazer e faz é tornar presente para nós, na força do Espírito Santo, a graça da vinda do Cristo! Celebrando a liturgia do Natal, o acontecimento do passado (a Manifestação do Filho de Deus) torna-se presente no hoje da nossa vida! Na liturgia do Natal a Igreja não diz: “Há dois mil anos nasceu Jesus”! Nada disso! O que ela diz é: “Alegremo-nos todos no Senhor: hoje nasceu o Salvador do mundo, desceu do céu a verdadeira paz!” (Antífona de Entrada da Missa da Noite do Natal). Então, celebrando as santas festas do Natal, celebramos a Manifestação do Salvador no nosso hoje, na nossa vida, no nosso mundo! A liturgia tem essa característica: na força do Santo Espírito torna presente realmente, de verdade, aquele acontecimento ocorrido no passado. Não é uma repetição do acontecimento, nem uma recordação! É, ao invés, aquilo que a Bíblia chama de memorial, isto é, tornar presente os atos de salvação de Deus!
 
Agora vejamos: a Eucaristia é a celebração, o memorial da Páscoa do Senhor. Como é, então, que no Natal a gente celebra a Missa, que é a Páscoa? Como é que já no Natal a Igreja mete a celebração da Páscoa? É que a Eucaristia não é simplesmente a celebração da paixão, morte e ressurreição de Cristo! Essa seria uma idéia muito mesquinha, estreita! Em cada Missa é todo o mistério da nossa salvação que se faz presente, é tudo aquilo que Deus realizou por nós, desde a criação até agora... e tudo isso tem o seu centro em Jesus: na sua Encarnação, na sua vida e na sua pregação, e alcança seu cume na sua morte e ressurreição, na sua ascensão e no dom do Santo Espírito. Então, celebramos as cinco festas do Natal celebrando a Missa, porque aí o mistério, o acontecimento da nossa salvação se torna presente e atuante na nossa vida. Voltando para casa após a Missa do Natal, podemos dizer: “hoje eu vi, hoje eu ouvi, hoje eu experimentei, hoje eu testemunhei e hoje eu anuncio: nasceu para nós, nasceu par o mundo um Salvador! Ele veio, ele não nos deixou, ele se fez nosso companheiro de estrada!” Celebrando a Eucaristia do Natal, recebemos a graça do Natal, entramos em comunhão com o Cristo que veio no Natal, porque recebemos no Corpo e Sangue do Senhor o próprio Cristo que nasceu para nós, e, agora, Cristo ressuscitado, pleno do Santo Espírito! É incrível, mas a graça do Natal chega a nós mais do que chegou para Maria e José e os pastores e os magos. Porque eles viram um menininho no presépio, enquanto nós o recebemos dentro de nós, seu Corpo no nosso corpo, seu Sangue no nosso sangue, sua Alma na nossa alma, seu Espírito no nosso espírito... e não mais um menininho frágil, com esta nossa vidinha humana, mas o próprio Filho agora glorificado, com uma natureza humana imortal e gloriosa, que nos transformará para a vida eterna.
 
Então, que neste Natal ninguém cante parabéns para o Menino Jesus, nem fique com inveja dos pastores e dos magos... Também para nós hoje nasceu um Salvador: o Cristo ressuscitado, glorioso, que recebemos no seu Corpo e Sangue e cujo mistério celebramos nos gestos, palavras e símbolos da liturgia!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Feliz aquela que acreditou!


Neste dia 20, após Acaz, de cálculo tão humano, de razão tão na própria medida, de coração tão frio para com o Senhor, após Acaz, a menina moça Maria.

Quantos anos teria, por aquele tempo em Nazaré da Galileia? Segundo bons estudiosos, entre 12 e 14 anos. Cedo se amadurecia, em Nazaré da Galileia; cedo se morria... Era assim, a vida daqueles tempos, por aquelas bandas...

Maria, prometida a José. Maria, que amava José, que amava Maria... Maria, que como toda menina moça de Israel desejava casar, desejava ser mãe de muitos filhos, aumentando o número dos membros do povo de Deus, dos descendentes de Abraão... Quem sabe seus filhos, talvez seus netos ou bisnetos, não veriam os dias do Messias que o Senhor Deus haveria de enviar?!

Era esta a situação de Maria; assim se encontrava o coração de Maria...

E o Senhor vem, “entrando onde ela estava”, nos seus pensamentos, nos seus sonhos, nas suas esperanças... O Senhor vem. E quando ele vem, coloca de cabeça para baixo a nossa vida!

Ah, que Deus perigoso, o nosso Deus! Ah, que mania ele tem de dar a paz sem deixar em paz! Assim fez com Maria – e tantas vezes comigo!

Lá vem Gabriel (Poder de Deus, é o seu nome) para convidar a saltar nos braços de Deus, a aderir a um plano louco para a sabedoria humana e tão sábio para a loucura amorosa de Deus: conceberás, Virgem Maria; serás mãe, Virgem Maria, darás à luz, Virgem Maria! Teu Menino vem de Deus e não de José; teu Menino será rei, descendente de Davi; teu Menino será o Messias, será rei para sempre, rei de tudo e de todos!

A Virgem menina treme! O que Gabriel propõe não seria impossível: ser virgem e conceber? Para Deus nada é impossível! – Por que ter medo? Nada é impossível para Ele!

Maria não é tola, não é uma deslumbrada. Pensa, mede as conseqüências: Deus está à sua porta, à soleira da sua vida, pedindo-lhe licença para entrar, para nele realizar o seu plano de salvação, prometido aos Pais, anunciado pelos profetas, desejado pelas sucessivas gerações dos israelitas... Deus, o Eterno, o Santo de Israel, esperando à porta, pedindo licença, perguntando à mocinha de 12 anos se pode entrar! Que cena, que situação, que Deus!

Mas, se ela diz “sim”, o que será do seu amor por José? O que José pensará, o quanto sofrerá, como ficará? O que ela lhe dirá – há o que dizer numa situação dessas? O carpinteiro amado poderá rejeitá-la, decepcionado e sofrido. Ela poderá ser condenada por todos como infiel, mulher violada!

Que será do seu futuro? Como será tudo de agora em diante? Deus não explica, o Anjo não dá pista, além de uma só: para Deus nada é impossível!

Ah, sim: existe também um sinal: Isabel, velha e estéril, agora grávida no sexto mês! Para Deus nada é impossível!

Uma idosa estéril conceber é grande, sem dúvida! Mas, uma virgem conceber?! – Para Deus nada é impossível!

Uma virgem convencer seu bem-amado noivo a aceitar um filho que não é dele, convencer de que o filho é gerado no Espírito de Deus? – Para Deus nada é impossível!

Estão lá: a Virgem e o Mensageiro, Maria e Gabriel (Poder de Deus, significa o seu nome)... Da resposta da Virgem, dos lábios da Virgem agora depende tudo! Como não recordar as palavras de São Bernardo?

“Ouviste, ó Virgem, que vais conceber e dar à luz um filho, não por obra de homem – tu ouviste – mas do Espírito Santo. O Anjo espera tua resposta: já é tempo de voltar para Deus que o enviou. Também nós, Senhora, miseravelmente esmagados por uma sentença de condenação, esperamos tua palavra de misericórdia.

Eis que te é oferecido o preço de nossa salvação; se consentes, seremos livres. Todos fomos criados pelo Verbo eterno, mas caímos na morte; com uma breve resposta tua seremos recriados e novamente chamados à vida.

Ó Virgem cheia de bondade, o pobre Adão, expulso do paraíso com a sua mísera descendência, implora a tua resposta; Abraão a implora, Davi a implora. Os outros patriarcas, teus antepassados, que também habitam a região da sombra da morte, suplicam esta resposta. O mundo inteiro a espera, prostrado a teus pés.

E não é sem razão, pois de tua palavra depende o alívio dos infelizes, a redenção dos cativos, a liberdade dos condenados, enfim, a salvação de todos os filhos de Adão, de toda a tua raça.
Apressa-te, ó Virgem, em dar a tua resposta; responde sem demora ao Anjo, ou melhor, responde ao Senhor por meio do Anjo. Pronuncia uma palavra e recebe a Palavra; profere a tua palavra e concebe a Palavra de Deus; dize uma palavra passageira e abraça a Palavra eterna.

Por que demoras? Por que hesitas? Crê, consente, recebe. Que tua humildade se encha de coragem, tua modéstia de confiança. De modo algum convém que tua simplicidade virginal esqueça a prudência. Neste encontro único, porém, Virgem prudente, não temas a presunção. Pois, se tua modéstia no silêncio foi agradável a Deus, mais necessário é agora mostrar tua piedade pela palavra.

Abre, ó Virgem santa, teu coração à fé, teus lábios ao consentimento, teu seio ao Criador. Eis que o Desejado de todas as nações bate à tua porta. Ah! se tardas e ele passa, começarás novamente a procurar com lágrimas aquele que teu coração ama! Levanta-te, corre, abre. Levanta-te pela fé, corre pela entrega a Deus, abre pelo consentimento”.

E a Virgem, e Maria, tão diferente de Acaz, tão ao contrário de Acaz, consente, permite, crê, se abandona e exclama: “Eu sou a serva! Eu não me pertenço! Eu confio com inteira confiança! Vai, Gabriel: dize Àquele que te enviou que seja feito como ele sonhou, como ele pensou! Dize-lhe que a ele pertenço e para ele vivo! Que deixo meus sonhos para sonhar os sonhos dele!"

Maria, bendita Maria! Tu creste na palavra do Senhor! Maria, bendita Maria, tu te abandonaste, tu arriscaste a vida! Maria, filha de Abraão, nosso pai na fé! Maria, maior que Abraão! Maria, nossa Mãe na fé! Maria, tu acreditaste! Roga por mim, frágil na fé; roga por mim, pecador; roga por mim, tão medroso para sonhar os sonhos do meu Deus! Maria, bendita Maria, tu acreditaste na palavra do Senhor! Tu geraste a Palavra do Senhor! Maria, bendita Maria, teu nome seja amado e bendito para sempre, enquanto o mundo existir e por toda a eternidade , no seio da Igreja!

sábado, 17 de dezembro de 2011

IV Domingo do Advento – Ano B


1Sm 7,1-5.8b-12.14a.16
Sl 88
Rm 16,25-27
Lc 1,26-38

Eis! Estamos no último dos quatro Domingos do santo Advento! Estamos já em plena Semana Santa do Natal, iniciada no dia 17 de dezembro. A Igreja, a gora, é toda atenção, toda contemplação do mistério da Encarnação, preparando-separa celebrar o Natal do Senhor. Sua vinda é a nossa salvação, sua chegada é o anúncio da esperança a todos os povos, a toda a humanidade, a anual celebração do seu Natal recorda-nos que nosso Deus não é de longe, mas de perto, de pertinho da humanidade toda e de cada um de nós. O Filho eterno de Pai fez-se homem para encher de Vida divina a nossa existência humana. É esta o Mistério de que fala São Paulo na segunda leitura da Missa de hoje: “Mistério mantido em sigilo desde sempre. Agora, este Mistério dói manifestado e… conforme determinação do Deus eterno, foi levado ao conhecimento de todas as nações, para trazê-las à obediência da fé!” Antes, parecia que Deus era Deus somente de Israel, esquecendo os outros povos, a grande massa da humanidade. Agora, não! Com a aproximação do Santo Natal, contemplamos a benevolência de Deus para toda a humanidade: no segredo do seu coração havia um amoroso e misterioso projeto: salvar toda a humanidade pelo fruto que haveria de vir da raça de Israel, da tribo de Judá, da Casa de Davi.

O que nos deve encantar neste Domingo, caríssimos, não é somente a grandiosidade desse Mistério, dessa surpresa de um Deus que, desde sempre, preocupou-se com todos, com toda a humanidade e não só com Israel… o que nos deve encantar é também o modo como o Senhor realiza o seu desígnio: ele age nos escondido da história humana, no pequenininho de nossas vidas, nas humildes decisões de nossa existência. Pensemos bem! Primeiro, o rei Davi, humilde pastor de Belém, mais novo dos muitos filhos do velho Jessé. E Deus o escolheu: para rei e para dele fazer uma dinastia da qual nasceria o Santo Messias. Davi, que desejava humildemente construir uma Casa, um Templo para o Senhor, fica sabendo que é Deus quem lhe construirá uma Casa, isto é, uma Dinastia, uma descendência, da qual nascerá Aquele bendito Descendente que enche de alegria o nosso coração: “O Senhor te anuncia que te fará uma casa. Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, então, suscitarei, depois de ti, um filho teu, e confirmarei a sua realiza. Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre!” Eis a bondade do Senhor, que de um simples pastorzinho fará nascer o Salvador que reina para sempre. Depois, podemos pensar em José, naquele que tinha recebido como prometida em casamento uma virgem mocinha chamada Maria… José, homem simples, moço de Deus. Membro pobre da família real de Davi, simples artesão. Moço de Deus, que vivia na justiça do Senhor, praticando a Lei do Deus de Israel. E o Senhor, misteriosamente o escolhe para ser o esposo daquela na qual se cumprirão as palavras do Senhor. Recordemo-nos do Evangelho segundo São Mateus: “José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvará o seu povo de seus pecados” (Mt 1,20-21). Pobre José! Bendito José! Jamais esperaria tal coisa, tal gesto imprevisto do Santo de Israel! Ele, um simples carpinteiro, cuidador, tutor, guardador, de um filho que não seria seu filho! Ele escutaria, doravante, o Filho eterno do eterno Pai, chamá-lo de pai!

Finalmente, pensemos em Maria. Aqui a surpresa de Deus chega ao máximo. Uma jovenzinha pobre, uma virgem sem nome importante, perdida nas montanhas do norte da Terra Santa, em Nazaré da Galiléia. E o Senhor Deus lhe dirige a palavra, faz-lhe a mais estonteante proposta que um pobre filho de Eva jamais escutara: ser, virginalmente, a mãe do Messias, a Mãe do Filho de Deus, a Terra bendita e santa na qual brotaria a Raiz de Jessé, o Rebento prometido; ser a doce a Aurora do Dia sem fim, ser a Estrela d’Alva que prenuncia o Sol eterno! “Alegra-te, Cheia de Graça! O Senhor é contigo, Virgerm Maria! Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus!” São Bernardo de Claraval, no século XII, imaginando este encontro inaudito, entre a Virgem e o Anjo, diz a Nossa Senhora: “Ouviste, ó Virgem, que vais conceber e dar à luz um filho, não por obra de homem, mas do Espírito Santo. O Anjo espera tua resposta. Também nós, Senhora, miseravelmente esmagados por uma sentença de condenação, esperamos tua palavra de misericórdia. Eis que te é oferecido o preço de nossa salvação; se consentes, seremos livres; com uma breve resposta tua seremos chamados à vida! Ó Virgem cheia de bondade, o pobre Adão, expulso do paraíso com a sua mísera descendência, implora a tua resposta; Abraão a implora, Davi a implora. Os outros patriarcas, teus antepassados, que também habitam a região da sombra da morte, suplicam esta resposta. O mundo inteiro a espera, prostrado a teus pés. E não é sem razão, pois de tua palavra depende o alívio dos infelizes, a redenção dos cativos, a liberdade dos condenados, enfim, a salvação de todos os filhos de Adão, de toda a tua raça. Apressa-te, ó virgem, em dar a tua resposta! Por que demoras? Por que hesitas? Crê, consente, recebe! Abre, Virgem santa, teu coração à fé, teus lábios ao consentimento, teu seio ao Criador. Levanta-te pela fé, corre pela entrega a Deus, abre pelo consentimento. ‘Eis aqui a serva do Senhor, diz a Virgem; faça-se e mim segundo a tua palavra’!”

Eis, caríssimos, irmãos! Tão grande plano de Deus, tão grande salvação, deu-se na simplicidade de vidas humanas que foram dizendo sim ao Senhor, que foram se abrindo para ele nas pequenas e escondidas ocasiões da vida: Maria, a Virgem, José, o pobre descendente de Davi, Davi, o pastor que se tornou rei… E agora – ainda agora – o Senhor vem e nos convida a nós – a mim e a você – a que abramos nossa vida, nosso pequeno cotidiano, para a sua presença. Através de cada um de nós ele deseja continuar a obra de sua salvação, a marca da sua presença neste mundo enfermo e cansado.

Virgem Maria, Mãe de Deus, São José, esposo da virgem, São Davi, rei e profeta, intercedei por nós, para que sejamos dóceis e úteis instrumentos da salvação que Deus hoje quer revelar e atuar no coração dos homens e do mundo. Que através de nossa pobre vida, vivida com disponibilidade, o Senhor Jesus seja visto no nosso mundo tão confuso, tão disperso, tão superficial e ameaçado por tantas trevas. Amém.

´´Maria é na cristandade inteira o mais nobre tesouro depois de Cristo,e que nunca poderemos exaltar o suficiente a mais nobre imperatriz e rainha,exaltada e bendita acima de toda nobreza,com sabedoria e santidade``. (Martinho Lutero)



44 – Parresía: “Como reagir diante das perseguições que a Igreja sofre?”

A visão apocalíptica da mulher revestida de sol, perseguida pelo dragão e indo para o deserto é a imagem atual da Igreja de Cristo. O grande dragão das ideologias, personificação moderna da maldade e do próprio Satanás investe com força cada vez maior contra os filhos de Deus.

Então, como o cristão deve reagir a esses ataques?
O Papa Bento XVI socorre seus filhos recordando a força de nossa mãe, a Virgem Maria. Ela, que tem o poder de esmagar a cabeça da serpente, oferece quatro armas para vencer essa luta. Quais são essas armas? É o que o programa Parresía desta semana apresenta.


Nós vimos a Luz

 
No 24 de dezembro, pelo entardecer, a Igreja começa a celebrar solenemente o Santo Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Pela tarde Natalina, a Esposa de Cristo, toda contente, cantará assim: “Hoje sabereis que o Senhor vem e nos salva; amanhã vereis a sua glória”. E insistirá: “Amanhã será varrida da terra a iniqüidade e sobre nós há de reinar o Salvador do mundo!”
 
Caro Internauta, nós os cristãos, vimos a Luz! Sabemos que a Luz brilhou nas trevas humanas. Somente nós; mais ninguém! Desculpem-nos se parecemos pretensiosos. Não é pretensão; é graça, pura graça!
 
As cidades da Europa, das Américas e até dos países não cristãos se iluminam para as “festas de fim de ano”. Mas, este mundo pagão e neo-pagão, mesmo acendendo milhões de lâmpadas reluzentes, não verá a Luz. Não! Acenderá lâmpadas, fará cintilar luzes, mas não verá a Luz! Porque a Luz é Cristo, o Filho enviado pelo Pai na nossa natureza humana. Nós, cristãos, sem merecimento nenhum nosso, vimos a Luz! Nós cremos, sabemos e experimentamos com toda intensidade que Jesus, nascido no Santo Natal, é o Filho Eterno, Deus com o Pai e igual ao Pai, que se fez um de nós, assumiu corpo e alma humana, entrando na nossa vida, na nossa história, enchendo tudo com a sua plenitude: “De sua plenitude recebemos graça sobre graça” (Jo 1,16).
 
Somente quem crê, que dobra o joelhos, quem celebra os santos mistérios da liturgia da Igreja de Cristo, pode tocar, saborear e compreender com o coração este Mistério tão grande, esta novidade tão nova, esta realidade que redime o mundo e dá novo sentido à história humana.
 
Não adianta, caro Internauta! Sem um espírito de “fineza espiritual”, sem o gosto das coisas do Altíssimo, não se pode contemplar os mistérios de Deus! “O homem psíquico não aceita o que vem do Espírito de Deus. É loucura para ele; não pode compreender” (1Cor 2,15). Este mundo embrutecido pelo materialismo, pelo excesso de dispersões e diversões, pelo luxo e o gosto pelo supérfluo, este mundo entorpecido pela imoralidade e a depravação, pela prepotência de construir a vida sem Deus e contra Deus, não experimentará a graça do Natal. Para ele, esta Festa cristã, será somente um evento social, vazio, superficial, sem graça nenhuma. Os pagãos desejaram “feliz Natal” sem nem saber o que estão dizendo...
 
Quanto aos cristãos, no recolhimento da oração, na Noite Santa, verão a luz, terão o coração inundado de júbilo e de santa doçura e saberão que o mundo é amado por Deus, que a vida tem sentido, porque Deus nos visitou, Deus fez-se um de nós! Em Belém, Deus foi visto envolto em paninhos pobres, chorando numa manjedoura, pedindo o leite de uma Virgem Mãe. Quanta doçura, quanta ternura, quanta bondade de Deus! Os cristãos, na Noite Santa, comungarão o Corpo e o Sangue daquele que, vindo do seio do Pai eterno, nasceu de Maria, a Virgem! Quanto mistério, quanta graça!
 
Para todo cristão, um santo e bendito Natal! Que a santa luz do Verbo Encarnado invada o nosso coração e a nossa vida. Amém.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O teu trono será firme para sempre

 
O rei David, depois de conquistar Jerusalém e fazer dela a capital do seu reino, quis construir para Deus um templo que fosse digno do Senhor. Até então o templo era uma tenda de peles, como Deus tinha indicado a Moisés no deserto do Sinai, de modo a ser transportada de um lado para o outro.
 
Deus mandou dizer pelo profeta Nathan que essa tarefa seria para o filho que lhe sucedesse. Mas o Senhor recompensou a sua generosidade fazendo-lhe a promessa maravilhosa que ouvíamos na primeira leitura: da sua descendência havia de nascer o Messias prometido a Abraão.
 
É uma lição muito importante para nós. Deus nunca fica devedor de ninguém. É mais generoso do que nós. Vale a pena que sejamos cuidadosos com as coisas de Deus. É um sinal da nossa fé e do nosso amor cuidar das nossas igrejas e dos objetos do culto. Que não sejam como o curral onde nasceu há dois mil anos porque não quiseram recebe -lo em suas casas.
 
Jesus continua a ser Deus conosco, também presente em nossas igrejas. Além do cuidado com as coisas litúrgicas, respeitemos o ambiente sagrado dos nossos templos, hoje que tantos cristãos não o sabem fazer. A Igreja é casa de oração, é lugar para falar com o Senhor e não lugar para conversar com os outros. Se alguma coisa é preciso dizer temos de falar baixo e só o estritamente necessário, com a consciência de que está ali Jesus.
 
Aprendamos com Nossa Senhora a tratar bem Aquele que é verdadeiro Deus e verdadeiro homem e que veio habitar entre nós e que Se encontra em nossos sacrários.
Nossa Senhora é para nós o modelo sempre atual para acolher a Jesus. A Igreja apresenta-nos neste último domingo do Advento a figura de Maria, a sugerir-nos que façamos como Ela para viver bem o Natal de Jesus.
 
O Arcanjo S. Gabriel saúda-a em nome de Deus e diz-lhe que Ele a escolheu para mãe do Salvador prometido aos seus antepassados. A Virgem escuta com atenção e acredita sem duvidar naquilo que o mensageiro de Deus lhe diz. Não pede nenhum sinal como Zacarias.
E responde: – «Eis a escrava do Senhor. Faça-se em Mim segundo a tua palavra». Naquele momento o Verbo de Deus, eterno com o Pai, toma a nossa natureza humana fazendo-se um de nós no seio puríssimo de Maria. Podemos admirar a fé, a humildade e a obediência pronta e decidida da Virgem. É uma lição viva para todos nós. A fé e o amor de Deus manifestam-se na obediência fiel à vontade de Deus. Cumprindo os Seus mandamentos.

A Epístola aos Hebreus diz-nos que as primeiras palavras de Jesus para o Pai ao encarnar-se no seio de Maria, foram: «eis que venho, ó Deus, para fazer a Tua vontade» (Hebreus 10, 7). Vemos aqui a sintonia perfeita entre a Mãe e o Filho.
Jesus fez-se homem e veio ensinar-nos a cumprir fielmente a vontade de Deus. Daí depende a nossa felicidade neste mundo e no outro. «O meu alimento – dirá Ele mais tarde – é fazer a vontade daquele que Me enviou» (João 4, 34).
Aprendamos com a Virgem a identificar-nos com Jesus, sempre prontos a fazer a vontade de Deus. Jesus continua a guiar-nos através da Sua Igreja: através do Santo Padre, sucessor de Pedro e pastor de todo o Seu rebanho e também dos bispos unidos a ele. 

sábado, 10 de dezembro de 2011

III Domingo do Advento – Ano B


Is 61,1-2a.10-11
Salmo: Lc 1,46-54
1Ts 5,16-24
Jo 1,6-8.19-28

A tradição litúrgica da Igreja chama este Terceiro Domingo do Advento de Gaudete, isto é “Alegrai-vos!” No Missal Romano, a antífona de entrada exclama: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto!” (Fl 4,4.5). Como expressão dessa alegria, pode-se usar no lugar do roxo, o cor-de-rosa, no tom conhecido como “rosa antigo”. É um roxo suavizado, que exprime a exultação pela aproximação do Santo Natal. Alegrai-vos! Alegremo-nos! O Senhor está perto! Está próximo o Natal; está próxima a Vinda do Senhor; está próximo de nós o Salvador nosso nos diversos momentos de nossa existência! Ele não é Deus de longe; é Deusde perto: seu nome será para sempre Emanuel, Deus-conosco!

Alegrai-vos! Há quem se alegre no pecado, há quem se alegre em futilidades, há quem, mesmo alegrando-se com coisas que valem a pena, esquece que toda alegria é passageira. Quanto a vós, caríssimos, alegrai-vos com tudo quanto é bom e louvável, mas colocai vossa maior e definitiva alegria no Senhor! Somente nele o coração repousa plenamente, somente nele encontra-se a paz que dura mesmo em meio à tribulação mais dura, somente nele o anseio mais profundo de nossa alma. Alegrai-vos! Mas seja o Senhor o fundamento da vossa alegria, a causa última da vossa exultação!

Mas, quem é esse Senhor em quem nos mandam que nos alegremos? O Batista, neste hoje, nos adverte: “No meio de vós está Aquele que vós não conheceis!” Quem é ele? Quem é este “Aquele”? João Batista, como bom mensageiro faz questão de desaparecer: “Não sou o Messias, não sou Elias (coitados dos espíritas!), não sou o Profeta anunciado por Moisés! Sou apenas a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor!’” Insistimos: quem é esse que está no nosso meio e que é preciso conhecer e reconhecer sempre de novo para ter a alegria verdadeira? Ele é o Messias, Jesus de Nazaré, o Ungido de Deus, o Enviado para trazer a salvação, a alegria e a paz para todos os pobres de todas as pobrezas do mundo. Ouçamo-lo, deixemos que ele se nos apresente: “O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu; enviou-me para dar a Boa-nova aos humildes, curar as feridas da alma, pregar a redenção aos cativos e a liberdade para os que estão presos; para proclamar o tempo da graça do Senhor!” Eis, caríssimos, o Messias que esperamos, o Salvador que Deus nos concedeu. Ele, que veio em Belém, que virá no final dos tempos, ele mesmo vem a cada dia de nossa atribulada existência! – Vem, Senhor Jesus! Vem, santo Messias! Teu povo suspira por ti, tua Igreja sofrida e caminheira precisa de ti! Não nos abandones, não nos deixes sozinhos! Vem, Ungido de Deus, prometido aos nossos pais, anunciado pelos profetas, apontado pelo Batista, colocado sob a guarda do carpinteiro José, concebido e dado à luz pela Virgem Mãe! Vem, e a Mãe Igreja exclamará (e nosso coração exclamará  com ela):“Exulto de alegria no Senhor e minha alma regozija-se no meu Deus; ele me vestiu com vestes de salvação; adornou-me como um noivo com sua coroa ou uma noiva com suas jóias!”

Caríssimos, eis a causa da nossa alegria. Nós, os cristãos, temos direito de nos alegrar, mesmo diante das tristezas do mundo; temos o dever de manter a esperança, mesmo quando as possibilidades humanas fracassam; temos a oportunidade de continuar esperando ainda quando os nossos cálculos mostrem-se errados. Porque nossa esperança e certeza não se fundam em nós nem em nossas possibilidades, mas naquele que vem, naquele que o Pai do céu nos envia, naquele que nunca conseguiremos conhecer totalmente, o Santo Messias do Pai, Jesus, nosso Deus-Salvador!

Resta-nos, então, escutar com atenção o conselho do Apóstolo: estar sempre alegre em Cristo; com os olhos fixos nele; orar sem cessar, buscando realmente ser amigo íntimo do Senhor, dando graças em todas as circunstâncias, sabendo que ele está próximo de nós, nunca longe de nossas aflições e desafios. E mais: afastarmo-nos de toda maldade, procurando viver segundo Cristo e não segundo o mundo, santificando no Senhor nosso corpo, nossa alma e nosso espírito ou, em outras palavras, nossa dimensão física, nossa vida inteligente e nossa sede de Deus, nossa saudade de Infinito.

Caríssimos, num mundo que nos despreza porque somos cristãos, numa sociedade pagã, que nos ridiculariza e nos olha com indiferença, tenhamos esta certeza: “Quem vos chamou é fiel; ele mesmo realizará isso!” Ele nunca nos deixará!

Que a escuta da Palavra santa do Senhor e a participação no mistério do seu Corpo e do seu Sangue nos preparem não somente para as festas que se aproximam mas, sobretudo para o Dia da Vinda do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo! Amém.