É comum escutarmos hoje que “a Santa Missa é uma festa”. Seria adequada tal definição?
Primeiramente, tenhamos em mente o que o Sagrada Magistério de nossa Santa Mãe Igreja nos ensina à respeito da Santa Missa: ela é a renovação do Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, que sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, pagou pelos nossos pecados na cruz. Tal Sacrifício se torna presente na Santa Missa no momento em que o pão e vinho tornam-se verdadeiramente o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor (Catecismo da Igreja Católica, 1373-1381). O Santo Sacrifício da Missa é incruento (ou seja, sem sofrimento nem derramamento de sangue), ou seja, é o mesmo e único Sacrifício do Calvário, tornando-se verdadeiramente presente na Santa Missa para que possamos receber os seus frutos e nos alimentar da Carne e do Sangue de Nosso Senhor. Por isso nos ensina o Sagrado Magistério nos ensina que "o sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício." (Catecismo da Igreja Católica, 1367)
Conseqüentemente, a Santa Missa não absolutamente é uma festa no sentido popular do termo, pois a Santa Missa não é um encontro social para onde as pessoas se dirigem para comemorar algo, para confraternizarem, para comer e para dançar. A Santa Missa tem a finalidade de oferecer ao Pai o Único e Eterno Sacrifício de Nosso Senhor, e a nossa participação nele (no sentido de nos unirmos ao mistério que o sacerdote celebra no altar) nos propicia os frutos deste Sacrifício. Embora a Santa Missa tenha uma dimensão de banquete e ceia, é um banquete essencialmente sacrifical, que perde totalmente o sentido se não reconhecermos nele a dimensão de Sacrifício. Pois na Santa Missa não nos alimentamos de uma comida qualquer como em um banquete ou ceia comuns, mas sim do Carne e do Sangue de Nosso Senhor, escondidos sob a aparência do pão e do vinho.
Por outro lado, não seria errado se afirmássemos que a Santa Missa é uma festa em um sentido místico profundo, pois nela, no Santo Sacrifício de Nosso Senhor, acontece a nossa salvação. Por isso, na Santa Missa toda a Santa Igreja triunfante, padecente e militante – o que inclui a Virgem Santíssima, os santos anjos, os santos do purgatório e os santos da terra – se alegra e festejam a alegria da nossa salvação. Mas o fazem em profunda reverência, solenidade e adoração.
Olhemos para nosso povo, que vivendo em uma sociedade “descristianizada”, como declarou o saudoso Papa João Paulo II (Veritatis Splendor, 106), ignora o que seja realmente a Santa Missa. Mesmo, muitos que freqüentam a Santa Missa semanalmente ignoram este mistério, pois falta ao nosso povo noções básicas da catequese católica – o que por sua vez é conseqüência da má formação do clero; o Cardeal Ratzinger, hoje Papa bento XVI, não poupa palavras para dizer que “o que nós precisamos é de uma nova educação litúrgica, especialmente também os padres.” ("O Sal da Terra", p.141) O problema aumenta por grande parte das celebrações da Santa Missa não manifestarem externamente a sua dignidade, ao desobedecer as normas litúrgicas e ignorar a solenidade que o Sagrado Magistério recomenda para que se viva na Santa Missa - e assim se combate o ato solene de receber Nosso Senhor diretamente na boca e de joelhos, se utiliza sem real necessidade os ministros extraordinário da comunhão eucarística, sacerdotes não utilizam a casula para celebrar sem um motivo justo para isso, e assim por diante.
Historicamente falando, os protestantes não crêem na Presença Real de Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento e no Santo Sacrifício da Missa. Por isso, na tentativa de atender a ordem de Nosso Senhor (“fazei isto em memória de mim”), procuram realizar novamente última ceia apenas como “banquete”, comendo pão e bebendo vinho - e nem poderia ser diferente, pois os protestantes romperam com a sucessão apostólica, e portanto, não poderiam celebrar a Santa Missa nem se quisessem.
Mesmo caminho, posteriormente, tomaram os “católicos” ditos “progressistas”, que negam Presença Real de Nosso Senhor e o Santo Sacrifício da Missa, tendo eles como estratégia natural para disseminar suas crenças heréticas, afirmar que a Santa Missa é simplesmente "banquete", "ceia" a "festa", onde "se celebra a vida, a fraternidade e a partilha", e assim obscurecer a sua essência, que é sacrifical.
O saudoso Papa João Paulo II, em sua última encíclica, escreveu à este respeito: "As vezes transparece um compreensão muito redutiva do mistério eucarístico. Despojado do seu valor sacrifical, é vivido como se em nada ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro fraterno ao redor da mesma. Além disso, a necessidade do sacerdócio ministerial, que se fundamenta na sucessão apostólica, fica às vezes obscurecida, e a sacramentalidade da Eucaristia é reduzida à simples eficácia do anúncio. (...) Como não manifestar profunda mágoa por tudo isto? A Eucaristia é um Dom demasiadamente grande para suportar ambigüidades e reduções." (EE 10)
Por isso mesmo, concluímos que referir-se a Santa Missa simplesmente como festa é perigoso em um meio onde o povo não é suficientemente catequizado e faz parte da estratégia dos adversários da Santa Igreja. Ao invés disso, voltemos a afirmar com clareza, juntamente com o sumo Pontífice Gloriosamente Reinante – o Papa Bento XVI - a verdadeira essência da Santa Missa: o Único e Eterno Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Francisco Dockhorn, 10/07/2006
Nenhum comentário:
Postar um comentário